sábado, 31 de janeiro de 2009

Fragrâncias

Fragrâncias

Nessas horas em que o silêncio toma corpo, ocupa lugar no espaço apagando do mundo as palavras, até o arfar do meu peito transforma-se em grito, minha respiração ecoa em feição de tambores assombrando as palavras ainda virgens em meu seio! E sou a própria madrugada vestindo seu manto de aves, abrindo o gargalo da manhã num galo músico adiantado, pois que... Estrelas ainda me cochicham segredos, pulando carneirinhos sobre os bocejos do luar!
Não demora e o cheiro maduro do outono bebe a brisa levando meus pensamentos a outras plagas quando, em pés de poucos anos, amanhecia sob as mangueiras apanhando os frutos colhidos pelas mãos da ventania da última madrugada!
E como me sabiam os periquitos, os melros e os tem-tenzinhos! Brincavam comigo de tempo-será... Ao eco dos meus passos riscavam suas asas pousando-nas inquietas n’outros braços do pomar!
Raízes da inocência! Quando beijo estas saudades longes foge-me o coração, indo apear naquelas madrigais auroras onde o riso era música cotiadiana e as horas não contavam, pois o amanhã também seria em solama de folguedos, costura de bonecas e zunido de piorras, petecas, bolas de gude, queimadas e bandeirinhas, circo de travessuras... Bocas cheias de alegria!
Tempo! Tempo feliz! Tempo que nem vi passar! Podes vencer-me o corpo, mas minh’alma pulsa inda no peito daqueles dias... Filhos da simplicidade, fragrante carrossel de lembranças, de céu imensuráveis
........................................................................ Fatias!

By Iza
31/01/2009

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

In Extremis

In Extremis

Amo-te! De um amor inextinguível
Estrelas concebidas em pólos diferentes
Ao bel-prazer d'outros acontecimentos
Imposto poente... Abortada nascente!

Amo-te! De uma maneira indefinível
Beirando as raias da loucura
Cicuta e mel em goles de saudades
Gotas de esperança... Antídoto e sutura!

Amo-te! No silêncio da tua necessidade
Pois te sei sentimento de pedra e cal
Sede de um rio chorando minha tempestade!

In extenso! Fortaleza inexpugnável
Ante a marcha das adversidades perfiz... Do
Meu verso o escudo à muralha do impossível!

Mesmo perigando-me um kamikaze coração
.................................... In extremis!

By Iza
23/01/2009


domingo, 18 de janeiro de 2009

Minha Sempre Certeza

Minha Sempre Certeza

Na mesa, apenas os resmungos dos meus pensamentos sobre o papel! Um jarro descansa flores sobre o aparador onde, a furto, tua fotografia me espreita inquirindo meu silêncio!
Curioso o luar, coado pela vidraça, ajeita-se sobre os meus ombros! Única companhia nessa madrugada, na qual teimo tua estrela perto, numa insurreição de palavras... Minha condução para os braços teus! Aninho-as e sigo fingindo um horizonte onde posso habitar tua vida, sem freios, nem barreiras!
Meus olhos afugentam as cismas e cravam-se no sonho pintalgando minha insônia em flashs de ti, telas há tempos dependuradas nas paredes dessas noites que atravesso em mar aberto e nado cansado... Sem nunca sair do lugar, enleada que fico nessa rede de lembranças, surda ao ressonar do mundo onde todos descansam!
Um uivo sozinho desafina minha introspecção!
A música da manhã começa a trilar no arvoredo da madrugada... Ponteiros gemem as horas, n'um tic-tac incessante, lembrando-me do fugidio tempo que pareceu-me apenas um instante, mas já quebrado inúmeras vezes em suas badaladas! Num suspiro, deito uma exclamação sobre a derradeira palavra dobrando-a delicadamente! Ausento-me então do mundo apagando meus olhos na minha primeira, única, maior e para sempre absoluta certeza..........
....................................................................... Te Amo!

By Iza
18/01/2009

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Feroz Pantera

Feroz Pantera

Quimera das minhas noites frias
Alma na mão e coração suspenso
Queimando preces e incensos
No altar da minha fantasia!

Quem dera chegasses nessa hora
Negra e coberta de heras! Nas garras
Afiadas da solidão, feroz pantera
Aos pés do sonho a saudade chora!

Beijos no convés dos pensamentos
Estrelas apresadas no céu da tua boca
Dizendo dessa sede lassa, louca
Salva de lembranças, dilúvio de tormentos!

Vazante ao teu mar aceno
Nubívaga! Incauta insensatez
Me largo em lânguida nudez
Vestindo teu corpo moreno!

Quimera das minhas noites frias
Alma na mão e coração suspenso!

By Iza
15/01/2009

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Nossa Obra Prima

Nossa Obra Prima

Abri o pórtico d'um Poema que tem a tua
Fisionomia... Parei à beira dos olhos, adros dos
Teus mistérios, onde o silêncio escorre palavras
Transparentes fios... Fecundam um rio!

Que corre sob a cútis dos meus versos
Onde teu corpo descansa o céu
Há pouco destampado em nosso peito
Quando sinos declamaram o apogeu!

Tumulto de mãos cotovelando pressa
Sem cancelas... Desbragada ventania
Qual desterrado que à pátria regressa!

Indômitas ancas num galope de rimas
Plectro em perfeita simetria
Escrevendo nossa obra prima...

No papel da pele letrando o suor da
................................. Poesia!

By Iza
11/01/2009

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Das Palavras

Das Palavras

Quase escuro, espreita-me o dia sobre o muro
O vento dança n’uma árvore de ninhos
Arranhando o silêncio das folhas, vaziando
Formigas e cascas... Maná dos passarinhos!

Num toco de lápis desafio as palavras
Uma atrás da outra... Fórceps nascimento
Teimosas que são em suas cambalhotas
Seguras nos cabelos dos meus pensamentos!

Falaz tentativa de fuga... Cócegas na imaginação
Noctâmbula vigília a prumo nos meus olhos
Esperando apenas o descuido da razão!

Porque as palavras nos nascem dos desvãos
Entre o louco e o sereno, a queda e a apoteose
Poeira de céu... Estrelas do chão!

Paraíso terminal, o açúcar e o sal, sentimento em
.............................................. Overdose!

By Iza
08/01/2009

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Basta

Basta

Eu quero ir onde meu nariz aponta, sem subterfúgios ou máscaras! Romper paradigmas, desalienar o pensamento... Eriçar esse chão descabido, cheio de lendas d'um fado passado! Ser asa sem senso, relento até! Quem sabe assim, desgelando as entranhas, possa então uma avalanche sem arrimos... N'um átimo arrebentando todas as raízes, fixando-me em meu próprio chão.
Chega de colecionar correntes! Para que alimentar grilhões se, em meu olhar, chove sem perdão, enferrujam solidões... Flores alheias já não podem enfeitar minha devoção!
Sou uma metáfora sem nexo, respiro outras vidas, banida de mim!
Preciso seguir minha direção, ser o alvo da minha seta... Egoísticamente pensando, manar para minha própria sede há muito insatisfeita! Beber do meu leito, ser insensatez, viúva da certeza e amásia do meu eu, arriscar novas rimas em tua página desconhecida, resolver este amor!
Quero levante com o sol, a tua primeira palavra... Sem buns estrangeiros, rotineiros cheiros, pão com manteiga sem o ranço do ontem! Arvorar minha vida nesse sonho, fazer ninhos alcoviteiros em ti, ser teu ponto culminante sem importar com poréns, mandando para o raio que a parta essa minha sempre incontida, maníaca razão!

......................................Basta......................................

By Iza
05/01/2009

sábado, 3 de janeiro de 2009

Sedas de Ti

Sedas de Ti

Ondas de seda na fome das tuas mãos
Ladeiras emergentes dos teus desejos! Sumário

De todos os teus anseios, um a um invocados
Balbucio febril... Sem trelas, nem pejos!

Na sede amanhecida em minha saudade
Sequiosa e volátil, sigo a trilha da tua perdição
Doudos torvelinhos... Twist alucinado
Entre teus arpejos caminho, perdida contenção!

Afoita-te! Suspiros resumindo-nos
Ancas de euforia, regala-me em teu vinho
Ebriedade cumpliciada... Édens consumindo-nos!

E a manhã inaugurada em aleluias
Verte-se num sol impoluto, sobeja bonança
Rasa de flores no leito desse momento...

Que ora em margens sossegadas
......................... Descansa!

By Iza
03/01/2009